quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Interpretação de texto pela criança e pelo adulto

A diferença de abordagem de um texto por uma criança em idade escolar, até os 15 anos, e um adulto se revela no imediatismo mental.

Se apresentamos o texto a seguir:

Passaram a manhã toda em viagem, sob um sol forte que contrariava o prognóstico do homem do tempo. Eram Jaques, Amanda e William, este na direção do veículo. O primeiro e a segunda viajavam profundamente contrariados e incomodados, pois sua proposta era viajar à noite. Isto conflitava com a cegueira noturna de Roberto. Já que era ele o responsável por conduzir o veículo, nada tinham a fazer.

Chegando ao Cabo Frio, Roberto passou a procurar a pousada, a dois quarteirões da avenida da praia, perto do Corpo de Bombeiros. No caminho, Jaques e Amanda pararam para um lanche, medida mais provável para acabar com o seu mau humor. Um banho seria bem vindo, mas o estômago foi mais soberano.

Roberto ficou a divagar sobre a sua vida, seu casamento desfeito, a vida em estradas, dirigindo para lá e para cá, usando seu pequeno apartamento mais como pousada do que como lar. Tomou uma resolução: iria procurar uma ocupação em algum lugar fixo, para tentar recuperar seu aquele tão necessário ponto de vista de referências sólidas. Nada de nomadismo, forçaria sua natureza, mas se tornaria um homem de família, não mais da anterior, posto que era irreversível a separação, mas de uma outra, nova, correta e ajuizada.

Um jovem, na faixa etária que citamos, diria que a ideia principal do texto seria a VIAGEM (até porque dois parágrafos dela tratam). Já o adulto, amadurecido, diria que a ideia central está na resolução de vida de Roberto.

Ponto espacial e Ponto emocional

Crianças tendem a dar valor ao movimento de pessoas e de coisas (mudança no espaço). Já os adultos tendem a ver realmente a "temperatura" emocional dos personagens envolvidos. O mais importante é o crescimento pessoal, a resolução para tentar mudar a direção de suas vidas. Isto é amadurecimento.

Conclusão

Portanto, ao interpretar um texto, procure o foco emocional. Ele é o foco QUENTE e principal.


quinta-feira, 2 de maio de 2013

Como escrever um texto - Introdução - Detalhamento

No post anterior estabelecemos uma estrutura em 4 partes para um texto.

O primeiro grupo de parágrafos corresponde à introdução, com a seguinte marca de identificação:


O tema do texto possui Conceitos associados ao assunto. Por exemplo, no caso do trânsito podem ser os fatores que tornam o trânsito lento, como: quantidade de carros, gargalos de trânsito e sinalização deficiente. É preciso procurar pelo menos três conceitos associados ao assunto, para se ter uma abordagem que mostre um cenário bem próximo do real. Neste caso do trânsito, se for falado apenas da quantidade de carros, o leitor vai criticar o texto, lembrando que a sinalização importa. Outro vai lembrar dos trechos que formam os gargalos, e outros ainda podem citar fatores secundários como o aumento de renda que provoca a chegada de mais veículos nas ruas.

Os motivos que levaram à redação do texto geralmente estão associados a um Problema, baseado no fato de que quando está tudo bem, ninguém fala de um Assunto. O Problema pode ser algo crônico, ou seja, que vem se arrastando com o tempo, até ultrapassar a tolerância de quem está envolvido, ou um incidente (provavelmente grave), que se tornou notório o suficiente para demonstrar uma anormalidade em determinado campo da atividade humana. No caso do trânsito, seria um acidente grave que mostrou a fragilidade do controle de trânsito ou a insuficiência das vias de tráfego.

O caso das drogas

No caso das drogas, os fatores poderiam ser o aspecto fisiológico, o transtorno social produzido e o efeito sobre os planos de saúde. Os motivos são óbvios para a nossa época, ou seja, a criminalidade.






segunda-feira, 29 de abril de 2013

Como escrever um texto - Redação, introdução, definições, conceitos, contextos e conclusão

Decepcionante a Era da Internet, e a Idade das Redes Sociais em termos de Leitura, Redação e Compreensão.

A Internet está repleta de Analfabetos Funcionais, pois ao menor sinal de inversão da ordem natural das frases ( Sujeito Verbo Objetos), o leitor se confunde, se enfurece e se desmotiva. A Leitura e a Escrita são as duas faculdades mentais que nos estabelecem no topo da Cadeia Animal.

As Entidades do Texto

É de consenso geral a existência, no texto escrito e no discurso, das seguintes entidades de domínio universal:

Introdução;
Definições;
Conceitos;
Contextos ou Circunstâncias;
Conclusão;

O volume de texto

Em  tempos de Internet, deve-se pegar leve com o leitor. Um texto digital para "leitura instantânea" de navegadores ansiosos crônicos não deve exceder quatro parágrafos, com o risco de ser abandonado.

Esquema do Texto Padrão

O Texto padrão obedece ao seguinte esquema:


Detalharemos cada parte em um próximo post.

O segredo para escrever

O segredo para escrever está contido no seguinte princípio:


Este é o princípio que norteia e que mostra a contradição dos comentaristas da Internet em suas várias modalidades (fóruns, chats, blogs e grupos de discussão). Eles não leem, mas querem opinar APRESSADAMENTE.

Conclusão

Se não colocarmos uma conclusão, entraremos em contradição com o que propusemos. A conclusão é uma recomendação:

LEIA MAIS

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Interpretação de textos complexos III - Machado de Assis

O trecho abaixo pertence ao primeiro capítulo do livro "A mão e a luva" do grande Machado de Assis:


O FIM DA CARTA

— Mas que pretendes fazer agora?
Morrer.
Morrer? Que idéia! Deixa-te disso, Estêvão. Não se morre por tão  pouco...
Morre-se. Quem não padece estas dores não as pode avaliar. O golpe foi profundo, e o meu coração é pusilânime; por mais aborrecível que pareça a ideia da morte, pior, muito pior do que ela, é a de viver. Ah! tu não sabes o que isto é?
Sei: um namoro gorado...
Luís!
— ... E se em cada caso de namoro gorado morresse um homem, tinha já diminuído muito o gênero humano, e Malthus perderia o latim.
— Anda, sobe.
Estêvão meteu a mão nos cabelos com um gesto de angústia; Luís Alves sacudiu a cabeça e sorriu. Achavam-se os dois no corredor da casa de Luís Alves, à rua da Constituição, — que então se chamava dos Ciganos; — então, isto é, em 1853, uma bagatela de vinte anos que lá vão, levando talvez consigo as ilusões do leitor, e deixando-lhe em troca (usurários!) uma triste, crua e desconsolada experiência.
           Eram nove horas da noite; Luís Alves recolhia-se para casa, justamente na ocasião em que Estêvão o ia procurar; encontraram-se à porta. Ali mesmo lhe confiou Estêvão tudo o que havia, e que o leitor saberá daqui a pouco, caso não aborreça estas historias de amor, velhas como Adão, e eternas
como o céu. Os dois amigos demoraram-se ainda algum tempo no corredor, um a insistir com o outro para que subisse, o outro a teimar que queria ir morrer, tão tenazes ambos, que não haveria meio de os vencer, se a Luís não ocorresse uma transação.
— Pois sim, disse ele, convenho em que deves morrer, mas há de ser amanhã. Cede da tua parte, e vem passar a noite comigo. Nestas últimas horas que tens de viver na terra dar-me-ás uma lição de amor, que eu te pagarei com outra de filosofia.
Dizendo isto, Luís Alves travou do braço de Estêvão, que não resistiu dessa vez, ou porque a ideia da morte não se lhe houvesse entranhado deveras no cérebro, ou porque cedesse ao doloroso gosto de falar da mulher amada, ou, o que é mais provável, por esses dois motivos juntos. Vamos nós com eles, escada acima, até a sala de visitas, onde Luís foi beijar a mão de sua mãe.
— Mamãe, disse ele, de fazer-me o favor de mandar o chá ao meu quarto; o Estêvão passa a noite comigo.

Marcamos Tempo e nomes de pessoas, diferenciando as somente citadas.

Nesta mistura de diálogo, narração e descrição, típica dos romances bem elaborados, procuramos as palavras que aparecem mais frequentemente. As palavras mais frequentes de um texto podem ser:


  • Substantivos:
  1. Comuns
  2. Próprios
  • Verbos.
Antes de prosseguir

Leia A importância do substantivos Próprios

Nomes próprios

 No caso dos substantivos, os nomes próprios, neste texto, aparecem em uma quantidade significativa. E usando os nomes próprios como apoio, procuramos as ações mais próximas destes nomes próprios. Em uma matéria científica, ou em uma descrição, provavelmente os substantivos comuns mais frequentes se comportam como os nomes próprios no caso agora em questão.

Verbos mais frequentes

Algo que chama a atenção é o verbo "morrer", um verbo dramático, que poderia dar uma pista sobre o sentido do texto em questão. No entanto, ele só dá um tom dramático, ele serve de evidência de algo que deve ter um profundo significado emocional.

Qual seria este significado ? Algum substantivo dará a pista. Os nomes próprios são os substantivos que mais ocorrem aqui, por se tratar de um diálogo intercalado com trechos narrativos. Então a pista é algum substantivo comum, mas não qualquer um. Deve ser algum associado ao personagem que estiver com o lado emocional afetado: Estevão.

Substantivos comuns

Até alteramos a cor do título deste tópico, para salientar a cor usada para os substantivos comuns do texto. Vamos enumerá-los aqui:


  • ideia da morte;
  • namoro gorado;
  • gênero humano;
  • gesto de angústia;
  • desconsolada experiência;
  • histórias de amor;
  • lição de amor;
  • doloroso gosto;
  • mulher amada.


Por esta lista, podemos ter uma ideia da espécie do substantivo comum: uma espécie relacionada a emoções. Associamos estas emoções a Estevão, e nos aproximamos da solução do enigma da descoberta do sentido do texto.

O sentido do texto

Já vimos que temos um personagem emocionalmente afetado - Estevão - devido a um dos fatores demonstrados pelas expressões substantivas comuns levantadas, notadamente:


  • namoro gorado;
  • desconsolada experiência.


Conclusão

Ou seja, Estevão teve o namoro acabado provavelmente contra a sua vontade.


A importância dos substantivos próprios

No post anterior deste blog utilizamos os substantivos próprios como um apoio à interpretação e compreensão dos textos.

O que é o nome

Os antigos acreditavam que se um inimigo lhes soubesse o nome, teriam poder sobre eles. O nome era como uma etiqueta da alma do oponente, daí a não darem seus nomes com facilidade.

Um nome é dado em um momento de inspiração, e mesmo que de qualquer jeito, já expressa uma vontade da natureza de que aquele ser o tenha.

Nome da entidade como referência de propriedades e atributos

Um nome serve como "atalho", como uma placa, para uma série de características (propriedades e atributos) de uma entidade (pessoa, instituição, empresa, órgão, marca). Um exemplo contundente: Coca-Cola.

O nome próprio como um pólo de atração de sentidos

Se uma entidade recebeu um nome próprio, é porque ela é significativa. Se uma entidade for significativa, as ações dela, ou sobre ela serão as ações significativas para o texto em interpretação (exceto no caso de chover, nascer e morrer, que já são ações completas em si, e nem precisam do agente, pois se nascido, é fato iniciante, e se morto, já está ausente).

Portanto, para a interpretação de textos, marque os substantivos, e estabeleça a relação entre ele e as ações (verbos) que acontecem durante o correr da narração ou da descrição.

Os verbos de movimento e os substantivos

Verbos de movimento (ir, transferir, mover) associados a um substantivo próprio não geram importância em interpretação de textos, pelo fato de apenas transferir os substantivos para outro local, ISTO EM TERMOS GERAIS.

Explicamos melhor. Em uma narrativa, alguém diz que um personagem viajou para a França, e lá ele fez seu curso de francês. Ora, o importante é que ele fez o curso. O local pouco importa, daí nosso "desprezo" pelos verbos de movimento na relação entre substantivos e ações na  interpretação de textos.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Enunciados de matemática - erros dos alunos - II

Um problema simples de proporção:

Saulo, Sabrina, Jô e Denise obtiveram os seguintes resultados em um teste de Português com 20 questões:


Perguntou-se:

Qual o número de questões certas para cada aluno ?

No momento da prova, é preciso marcar as diferenças nos enunciados. Dois enunciados usam "acertou" e outros dois usam "errou". Além disto, as proporções foram expressas em decimais (0,7 e 0,2) em fração ( 8/10 ) e em percentual ( 25 % ).

O problema do "contrário"

Contam alguns professores que este simples problema foi capaz de confundir alunos da 5a. série no seguinte sentido.

No caso de acertos, os alunos facilmente multiplicaram os números proporcionais pelo número de questões (20). No entanto, para os dois últimos casos, em que o enunciado foi feito na base do "errou", os alunos "travaram", e alguns fizeram a DIVISÃO.

Por que isto aconteceu ?

Histórico

O quinto ano é justamente o ano para se consolidar os conceitos de multiplicação e divisão. Várias situações lhes foram apresentadas, e eles guardaram que em uma situação se usava multiplicação, e em outra a divisão, em diversos problemas.

Na hora em que surgiram problemas de erros e acertos, a orientação da professora no caso do "errou" foi:

No caso dos erros, faça o CONTRÁRIO

Ora, em sua mente, a professora queria dizer que após a operação, no caso do "errou", era preciso subtrair do número de questões o número de erros, obtendo então o número de acertos.

Mas como o ano letivo desta série dá ênfase à multiplicação e divisão, na mente dos alunos o CONTRÁRIO de uma situação com multiplicação era o de divisão, daí todo este equívoco.

Conclusão

Os professores devem tomar cuidado com o uso linguístico de expressões genéricas como "faça o contrário", "faça o cálculo", "basta tirar". Estas expressões são imprecisas. É preciso superar a preguiça de explicar detalhadamente, ou tentar superestimar o aluno, dizendo que "eles tem que se esforçar". Isto induz a erros.