domingo, 6 de março de 2011

Entendimento

O entendimento é o objetivo da análise de contextos, eventos e fenômenos. Um bom entendimento compreende mostrar como um fenômeno está situado na estrutura causal do mundo (Salmon, 1984). Mas digo mais: “um bom entendimento é saber exatamente as primitivas envolvidas num contexto” (Bernardo Meyer, 2010).

Se identificamos as idéias mais primitivas que “exalam” de um contexto, ele está entendido.

As primitivas de saneamento são água e esgoto, de Recursos Humanos são empregado, vaga, salário, cargo e função, e asim por diante. Não é tão difícil.

Estrutura dos textos

A estrutura dos textos é de um geral (título) para detalhe (desdobramento do capítulo, item ou subitem), ou seja, o texto, em sua estrutura é uma descrição, mesmo que os itens e subitens sejam partes de diálogos. E de forma ou outra, existe uma sequência que dá uma certa temporalidade contextual ao texto.
E é isto que o entender humano faz: vai de geral para detalhe e de detalhe para geral, num constante movimento periódico, como o tocar de uma sanfona ou o movimento de uma mola. E quando se escreve ou se lê uma digressão ou pensamento, sempre existe uma sequência dentro do princípio de causalidade que norteia o raciocínio humano.

Esta forma de abordagem é a alternância entre as duas operações mentais fundamentais, chamadas de análise (para detalhamento) e síntese (para geral, axiomas, resumos, panoramas).
E estas alternâncias podem ser recheadas por comparações (terceira operação mental fundamental).

O que

O quê pode remeter, em meio à narrativa, para o passado ( professor que fez isto), manter no presente (padaria que está ao lado do mercado) ou enviar para o futuro (poeta que no futuro poderá ser um grande escritor).

Um evento ou fenômeno

Um evento é o estabelecimento de um contexto espaço-tempo completo e genuíno. Ele é perfeito pois tem tempo definido e espaço (local) definido. Evento é uma ideia derivada. Quando é percebido (óbvio quando alguém oferece a sua narrativa) se chama fenômeno (o que pode ser percebido pelos sentidos ou pela consciência).

Contextos espaço-tempo

  1. Em textos jornalísticos, o espaço-tempo é óbvio: um fato ocorreu ou está ocorrendo ou vai ocorrer a tal tempo e em tal local.
  2. Em diálogos o espaço-tempo é apresentado como um tempo “picado” em algo que emissor ou receptor fez (algo que definiu sua personalidade), está fazendo (nova experiência) ou fará (pretensões, sonhos, ansiedades e medo [o medo está no futuro ou no presente e não no passado, pois este está consumado, e seu nome real é trauma]).
  3. Nas narrações o espaço-tempo é um evoluir. Pode estar picado, mas a linha principal pode ser montada em tempo crescente.
  4. Em descrições a evolução do espaço-tempo é do geral para o detalhe, ou do detalhe para o geral num “zoom” de características.
  5. Existe o quinto tipo, onde um personagem ou narrador ou explanador faz especulações ou digressões, em seu mundo mental, ou explica algo a alguém, sem uma cadeia de causalidade ou temporalidade, a que chamaremos sermão. E neste, malgrado dizermos que não tem característica genuína definida dos quatro tipos anteriores, existe uma temporalidade, que é a própria sequência que aquele que o faz utiliza (bem ou mal) para se expressar e transmitir seu sentimento, impressão, opinião ou coisa do gênero.