segunda-feira, 6 de junho de 2011

Preposições, conjunções e prioridade de operadores aritméticos

O leitor vai se surpreender com a similaridade existente entre a lógica de uso das preposições (notadamente a preposição "de"), do uso das conjunções (notadamente a "e" e a "ou") e o uso dos operadores aritméticos e suas prioridades (produto, divisão, soma e subtração). Acrescente-se o uso do pronome relativo "que" no português comparado ao uso de parênteses, colchetes e chaves na matemática.

Prioridades

Tanto para compreender o sentido das frases em português, quanto para obter o resultado de uma expressão aritmética com várias operações na aritmética, precisamos partir de certas prioridades para alcançar o sucesso, que é a correta compreensão das expressões.

Prioridades nas frases

Você já percebeu por onde começa a destrinchar o sentido de uma frase ?

Vamos começar com frases de um diálogo, pois demandam urgência de compreensão, ou por se constituirem em pedidos de explicações ou por sustentar relacionamento interpessoal, e portanto sobrevivência no âmbito geral. Depois analisaremos descrições de (1) constituição ou (2) funcionamento de alguma coisa, fundamental para que o homem compreenda o espaço ao seu redor e possa intervir para melhorá-lo.

Vejamos um fragmento de diálogo de Machado de Assis (Quincas Borba):


— Desde que Humanitas, segundo a minha doutrina, é o princípio da vida e reside em toda a parte, existe também no cão, e este pode assim receber um nome de gente, seja cristão ou muçulmano...  
  
— Bem, mas por que não lhe deu antes o nome de Bernardo? disse Rubião com o pensamento em um rival político da localidade.  
  
— Esse agora é o motivo particular. Se eu morrer antes, como presumo, sobreviverei no nome do meu bom cachorro. Ris-te, não?  
  
Rubião fez um gesto negativo.  
  
— Pois devias rir, meu querido. Porque a imortalidade é o meu lote ou o meu dote, ou como melhor nome haja. Viverei perpetuamente no meu grande livro. Os que, porém, não souberem ler, chamarão Quincas Borba ao cachorro, e...  

Retiramos o fragmento para analisar tão somente conectivos, dando ênfase às preposições.

A preposição de

Esta é, segundo trabalhos de linguistas, a mais numerosa em textos, tanto mais se considerarmos sua associação com os artigos: do, da, dos, das. Ela é um vocábulo de ligação que completa sentidos e, mais absurdo para quem nunca ouviu: ELA É COMO A OPERAÇÃO ARITMÉTICA DE MULTIPLICAÇÃO, que deve ser executada antes de todas as outras. Em outras palavras, nossa compreensão frasal DEVE fazer primeiro estas junções, sem o que nos perdemos nos vários sintagmas do período frasal. E fazemos isto com tanta rapidez, que já não nos damos mais conta.

Agora, pare e pense bastante neste post, antes de prosseguirmos com a comparação com operações aritméticas. Guarde esta frase que vai servir para embasar nossos próximos passos:

O cão de Dom Pedro mordeu a perna do filho do tio do padeiro na porta da igreja dos Capuchinhos.