A observação do falar entre crianças em seus primeiros anos de fala (2 a 5 anos) e mesmo de adultos menos instruídos revela a utilização exaustiva do verbo pegar (eu peguei e fui na casa de ..., então eu peguei o comprovante e ..., Carlos pegou a mulher em flagrante com o vizinho ). Uso semelhante é feito na mesma proporção do "aí" (aí eu fui ..., aí eu fiquei assim ..., aí aconteceu). O aí ocorre, muitas vezes, no lugar do então, dependendo do grau de cultura de quem o utiliza.
Pedindo licença aos estudiosos e PhDs da língua portuguesa, e com base em estudos do cérebro, mente e pensamento, lançamos aqui uma nova categoria para palavras que atendem a este padrão:
Sinapses de discurso e narração
Todos sabem que as sinapses são os pontos de conexão entre neurônios em nosso cérebro. Aprendemos que, no discurso e na narração, as ligações frasais entre as idéias são as conjunções (de juntar, juntada). Não podemos, no estado tecnológico em que estamos, aceitar uma simples classificação do "aí" como advérbio e nem do pegar como verbo, muito menos, pois estamos frente a desafios da Gestão do Conhecimento, e a análise sintática passou a ser mais um elemento de currículo do que uma ferramenta de identificação de idéias.
Estes três servem como partículas de retomada do discurso, perdido, talvez, em parênteses ou orações adjetivas, que quebram a linha principal da idéia que estava sendo transmitida.
Pegar
O verbo pegar, neste uso de retomada denuncia um impulso natural do raciocínio, resultado de sua ânsia de ter o controle do discurso ou narração como se pudesse tomá-lo pelas mãos. Adoramos esta descoberta. Este impulso está muito claro, quando se fala que é preciso fazer algo, praticar, para aprender e melhorar, principalmente no campo dos esportes e das artes manuais.
Pegar na infância
A criança começa a aprender na medida em que aquilo que ela vê (e talvez não acredite muito que tal coisa esteja ali) também consegue pegar, mesmo que seja uma figura. Neste ato ela vai até decidir, com base na frequência de sucessos, e não por fatores genéticos. Imagine o crescimento de abordagem do novo mundo (chamamos assim porque a criança é um ser totalmente novo neste mundo) para o cérebro desta criança. Este nascente cérebro diz então:
Realmente o que o meu olho vê existe, tem forma, textura, brilho, cor
Os toques, para a criança, provocam verdadeiras tempestades elétricas no nascente cérebro, efetuando milhares e milhares de ligações, depois perceptíveis depois que ela cresce e se torna adulta.
Pegar, tocar, encostar, agarrar, apreender, aprender
Os derivados de pegar (mais simples e voluntário) indicam graus menores ou maiores de intensidade desta ação. Citamos apreender (uma forma de agarrar) para podermos incluir o totalmente metafísico aprender, ato do cérebro afixar um conhecimento.
Horizonte figurado
Almejar, objetivar, imaginar, alcançar, sonhar e pensar são manifestações figuradas deste pegar físico. Imaginar é antecipar o pegar no tempo futuro, sendo o objetivo físico. Mas também para objetivos não físicos, podemos utilizar alcançar, pois algo metafisicamente se materializará se formos bem sucedidos. Teorias precedem invenções e usos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário